Estudos Ciganos no Brasil
Atualmente a temática cigana tem encontrado um
espaço significativo na academia, especialmente em ciências sociais, área que
segundo o antropólogo Frans Moonen (2010), produziu “mais dissertações e teses
a partir de 1999”.
Talvez esse interesse tenha sido potencializado
pelo ativismo político, cigano e pró-cigano, iniciado na década de 80, notadamente
mais pulsante após a instituição do Dia Nacional do Cigano, em 2006[1]. A
primeira frase do resumo que descreve o grupo de trabalho “Ciganos: um
exercício de comparação etnográfica” na 30ª Reunião Brasileira de Antropologia,
em 2016, expressa bem essa relação: “A reflexão
sobre o universo temático de identidade reivindicada face o acesso às políticas
públicas tem congregado pesquisadores envolvidos com os grupos ciganos no
Brasil e exterior”
Os “estudos
ciganos”, conhecidos como “ciganologia”, como área de conhecimento se estabeleceu
em 1885, quando foi lançada a revista Gipsy
Lore Society, na Inglaterra por Godfrey Leland e Hindes Groove ao lado de
outros autores (Cf. SOUZA, 2013, p. 29; MARTINEZ, 1989, p. 25). Atualmente os
pesquisadores europeus vinculam a ciganologia
à antropologia cultural em diálogo constante com a linguística e a história.
No Brasil,
ciganologia e ciganólogo foram termos utilizados por Moonen (1944-2013) para
designar os pesquisadores que trabalham com a temática cigana. A ciganologia
brasileira, mais conhecida como “estudos ciganos”, atualmente especialmente
ligada às ciências sociais (antropologia e sociologia) teve seu início com a
obra de três intelectuais: Mello Moraes Filho (1886) – Os Ciganos no Brasil, José Baptista D’Oliveira China (1936) – Os Ciganos do Brasil, e João Dornas
Filho (1948) – Os Ciganos em Minas Gerais.
Referências:
MARTINEZ, Nicole. Os ciganos. Tradução Josette Gian. Campinas, SP: Papirus, 1989.
MOONEN, Frans. Os estudos ciganos no Brasil. 2010.
Disponível em: http://www.dhnet.org.br/direitos/sos/ciganos/a_pdf/1_fmestudosciganos2011.pdf Acesso em: 25 nov.
2015.
SOUZA,
Mirian Alves de. Ciganos, roma e gypsies: projeto identitário e codificação política no
Brasil e Canadá. 2013. 350 f. (Tese de Doutorado em Antropologia). Universidade
Federal Fluminense, 2013.
[1] Decreto de 25 de maio
de 2006. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2006/Dnn/Dnn10841.htm
Acesso em: 29 mar. 2016.
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